INTENCIONALIDADE DA CONSCIÊNCIA
Hoje iremos conversar a respeito de um conceito da abordagem fenomenológica que rompe com a ideia que temos sobre Psicologia.
Quando pensamos em Psicologia, na maioria das vezes, vêm à nossa mente o ilustre Freud com sua contribuição gigantesca acerca da noção de inconsciente x consciente. Este pensamento pressupõe que nossa mente é dividida em duas partes, do mesmo modo, que somos seres separados do mundo.
Resumidamente, a Psicanálise de Freud, ganhou destaque ao expor a ideia de que há um universo gigantesco sobre nós mesmos que desconhecemos e que está situado em nosso inconsciente. Desta forma, aquilo que temos conhecimento habita o consciente. Esta é a forma mais genérica de expor esta abordagem.
Husserl, no entanto, foi o matemático e filósofo que se permitiu questionar a dicotomia Sujeito-Objeto (objeto separado da consciência) de Freud e de toda ciência positivista.
Este filósofo inaugurou a Fenomenologia e o conceito de intencionalidade da consciência. Esta visão considera que a consciência é sempre consciência de algo, ou seja, quando fazemos uma determinada coisa sempre há a consciência do que está sendo feito e, mais do que isso, há uma intenção, mesmo que no momento não percebamos.
Um exemplo: Estou a escrever este texto. Sinto sede, pego o copo de água que está em cima da mesa, a mesma que estou trabalhando, tomo a água e continuo a escrever, sem perceber a ação realizada. Do ponto de vista psicanalítico, meu ato foi inconsciente pois, não o compreendi por completo, ou seja, o que fiz foi no modo automático, sem me dar conta do que estava fazendo.
Entretanto, à luz da abordagem fenomenológica-existencial, podemos compreender que havia uma consciência no que estava sendo feito afinal, meu organismo percebeu a necessidade de tomar água, dirigiu-se até o recipiente com o líquido e ingeriu-o. Por mais que naquele instante, tudo tenha sido muito rápido, minha mente tinha uma intenção ao tomar a água, cessar a sede.
Essa perspectiva pode ser verificada em todas as nossas atividades.
Toda ação tem uma intenção, portanto, estamos conscientes de tudo o que fazemos, mesmo quando não há clareza sobre o que está sendo realizado. Desta forma, os atos da consciência são sempre complementados pelo objeto ou seja, não há separação entre nós e o mundo, nossa consciência só é possível a partir do mundo.
Quando digo clareza, estou me referindo ao momento em que o fenômeno está completamente iluminado através da nossa presença. Dito isso, destaco a importância de estarmos presentes, atentos aos pensamentos, emoções, sensações e ações para que possamos enxergar a intenção da consciência a cada movimento do nosso modo de ser.
Em suma, precisamos desenvolver a habilidade de estarmos presentes a cada instante, para que possamos acolher as manifestações e, consequentemente, agirmos de forma cuidadosa, responsabilizando-nos pelas nossas ações.
Com amor, Evy.
Obs: Não há nada de errado na abordagem psicanalítica, do mesmo modo, a abordagem fenomenológica-existencial não é, indubitavelmente, a correta. Cada uma possui um objeto de estudo diferente, além de dispor de formas distintas de aproximar-se do mesmo. Entretanto, consideramos a abordagem fenomenológica-existencial a mais adequada, do nosso ponto de vista, para compreendermos a existência.
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