Só se apropria de si mesmo quem se angustia



Todos nós em algum momento da vida, nos deparamos com uma sensação de aperto no peito, dificuldade para respirar, sensação de sufocamento, inquietação, entre outros sintomas que não são nem um pouco agradáveis. Quando percebemos tal situação, exclamamos: "Estou angustiado!". Neste momento sabemos que não estamos bem, porém, não sabemos o que de fato está acontecendo.
Chegamos a pensar que estamos com medo, mas, medo do quê? Medo da morte, do nada, do ser e do não ser.
A Angústia Existencial, como vimos, é um mecanismo através do qual, nossa existência, tenta nos alertar para o fato de que, estamos lançados neste mundo e que precisamos ser capazes de lidar com a vida. Em outras palavras, quando estamos angustiados, estamos mais próximos do nosso caráter  indeterminado, ou seja, percebemos que não somos completos e que o que nos constitui não é suficiente, percebemos que podemos ser mais. Ao mesmo tempo, estamos conscientes de que somos finitos. 
É evidente que não percebemos tudo isso com clareza, o que contribui para um sofrimento ainda maior pois sentimo-nos desamparados, como se não houvesse chão embaixo dos nossos pés. 
Diante dessa experiência, sentimos a necessidade de procurar abrigo para que possamos descansar e continuar a caminhada. No entanto, há um equivoco neste percurso, escolhemos nos abrigar em situações e condições que não fazem sentido para nós, apenas para ter um referencial, um suporte. Escolhemos fazer aquilo que "todo mundo" faz, viver da forma que "todo mundo" vive.
Este abrigo, com o passar do tempo, torna-se uma prisão pois não nos reconhecemos e, portanto, não podemos agir de forma própria. 
Ao mesmo tempo que a Angústia Existencial diz que não somos nada e que podemos morrer a qualquer momento, nos convida a sermos nós mesmos, a acolhermos a nossa indeterminação e, melhor do que isso, as possibilidades de sermos diferentes a cada instante.
À medida que vamos acolhendo e aceitando o incerto, desenvolvemos a confiança em nós mesmos, pois sabemos que estamos agindo com sinceridade e respeito pela nossa existência.  
Que possamos nos permitir sentir a angústia e, mais do que isso, que possamos aprender com ela, reconhecer-nos através da nossa indeterminação. 

Com amor, Evy. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

SER COM OS OUTROS

Neurose- Transtornos Hipocondríacos e Somatizações

Temporalidade: Kairós & Chronos